quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Apesar de você, amanhã há de ser outro dia."

O silêncio toma conta do país, a impunidade invade os lares e senta-se na sala junto com a família da Silvia, Pereira e tantas outras.

Todos nós estamos “anestesiados pela dúvida de quem matou a Taís” e

esquecemo-nos de descobrir quem está matando a nossa política.

Morte dolorosa, lenta e quem sabe, rigorosamente calculada, nossa política falece aos poucos com a certeza de que ninguém se importa ou sabe.

E os assassinos?Estes têm nome, rosto e vários processos administrativos na bagagem.

Não têm as mesmas armas que a polícia, mas, indiretamente, matam agricultores sem-terra e moradores das favelas da mesma forma brutal. Como eles em Brasília matam um sem-terra no Rio Grande do Sul ou um morador da Rocinha?

Estes assassinos destroem o acesso à escola pública de qualidade, à terra, o sonho de um salário mínimo justo apenas com suas ações um tanto quanto individualistas.E depois tem a coragem de dizer em rede nacional que o povo brasileiro está perdendo sua dignidade.

Por mais que pareça estranhíssimo, a palavra dignidade consta no dicionário destes assassinos. Ela é usada para distinguir o pobre do rico, a elite da miséria. Pois dignidade hoje é algo que se compra com um bom salário ou um diploma de curso superior.

Algumas vezes esses assassinos são protagonistas dos jornais do horário nobre.

Nesta hora a impunidade destranca a justiça do quarto de hóspedes. São raros estes momentos em que a Justiça pode se mostrar que é forte e que pode interceder pelos mais fracos. E quando pensávamos que já havíamos conhecido todos os assassinos – Afinal, a aparição de um deles rende um novo capítulo da polêmica nacional que se tornou a nossa política –surge mais um, como uma fênix amaldiçoada que estava disposta a permanecer assombrando o planalto central para sempre.

Com desvios e roubos, Renan Calheiros se apresenta ao público brasileiro com uma faca ensangüentada na mão pois este foi o último, e letal, golpe na política brasileira. E no fim deste capítulo Renan saiu intacto, de cabeça erguida e cheio de dignidade – A mesma que ele deve ter comprado em alguma lojinha da asa sul- enquanto a justiça se esconde com vergonha de ser fraca e tão desatenta.

Enquanto o povo brasileiro volta para a sala. Sentam-se na frente da TV dividindo a pipoca com a impunidade. Estão mergulhados na tristeza de quem não sabe como será o país dos seus filhos.


Escrito para uma aula de história.

7 comentários:

Lupos, Canis disse...

tirando a comparação com a fenix que me é um ser mistico de apreciação.
tenho que concordar com cada linha


menina essa revolta ainda vai virar revolução^^ e eu só to esperando .... "vamos tacar fogo nos politicos hehehehe"

Brena Marinho disse...

nem toda a fenix é amaldiçoada...

Mas eu concordo com você...
Em fim...
Em verdade...
Há sempre um grito na garganta..

Ewerthon Tobace disse...

Ola! Obrigado pela visitinha...
Nossa, achei super profundo essa sua "analise" da politica brasileira.
Esses dias conversei com o Jason, diretor de Manda Bala, filme sobre a corrupcao no Brasil, que nao pode ser exibido por ai. Ele foi feito por um jovem, filho de uma brasileira com um argentino... ele mora em Nova York e veio ao Japao para participar de um festival e eu tive o imenso prazer de conversar longas horas com ele... Pois ele disse uma coisa certissima: corrupcao existe no mundo todo, mas em alguns paises eh mais grave, como no Brasil. Fiquei pensando nisso e ele tem toda razao. Aqui no Japao ha muita roubalheira, mas como nao ha muita diferenca de classe social (com excecao dos muitissimos ricos), o povo nao reclama muito. E quando descobrem, geralmente, o politico ou empresario se mata... Quem dera se a tradicao pegasse no Brasil...

Marcela disse...

caramba... caramba.
amanhã agente conversa sobre isso, porque você sabe que tá MUITO mais do que excelente.

Anônimo disse...

Perfeitosa que vive falando que seus textos são merda enquanto eles e suas idéias são ótimas.
Continua gritando aos quatro ventos teus pensamenos, porque essa é uma das suas maiores marcas!
O texto é lindo e triste por ser verdadeiro.

Te amo

Ed Wederson disse...

Nós que somos a maioria temos o dever e o poder de mudar tudo isso, cabe aos mais “intelectualmente capazes” darem-se conta disso. Acho o cúmulo do cúmulo ver um país na expectativa de saber quem matou fulano novela enquanto a impunidade rola solta na podre capital de nosso Estado soberano.
Seu texto fala de dignidade, palavra essa que perdeu seu verdadeiro significado há anos, senão séculos e que nós reles cidadãos comedores de arroz e feijão não aprendemos.
Sinceramente penso que para este país começar a acordar muito sangue será derramado, espero que seja o sangue da justiça e não da impunidade. Hão de convir comigo que estamos nas mãos de um bando de filhos da puta, corruptos e sujos e que aceitamos isso passivamente. Enquanto não acontecer comigo, beleza. Pobre do vizinho que paga seus impostos, trabalha honestamente, foi assaltado e perdeu o jovem filho que foi assassinado por bandidos de uma favela próxima. Uma pena.
E assim seguimos brasileiros...

Um beijo Sa!
Boa semana...

Livia R disse...

que isso vire re-evolução! vire tendência! vire desorganização!

só uma coisinha: que tal mandar esse direto pro molho pardo?

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