domingo, 21 de outubro de 2007

Parentes, bolo,guaraná e brigadeiro

Quero despir-me

Por inteira, sem medo de errar ou sonhar.

Tudo isso baseado na inocência que já se perdeu há anos

Quero afogar-me em sorrisos maliciosos.

Ouvir o som daquelas gargalhadas espontâneas lançadas em momentos inoportunos.

Vou seguir essa loucura que invade a minha mente e me deixa um caco.

Emoção única, encarnada, na pele.

Assim como uma canção esquecida em um velho disco arranhado

Tudo muito clichê e muito revolucionário

Quero raspar a cabeça

Fazer uma tatuagem

E entrar para um convento

Como a maior prova de que nada disso me prende ou me faz alguém melhor.

Quero inventar meu próprio idioma

Ter uma banda de rock

E viajar pelo mundo inteiro.

Irei vestir-me de colombina em cada carnaval

E chorar na quarta feira de cinzas

Quero ter várias cartas de amor espalhadas pela casa

Uma cafeteira automática.

E um amigo gay

Só para ter por perto alguém que entenda mais de moda do que eu-

Terei amante em cada lugar do país e uma cama de casal só pra mim.

Procuro intelectuais, só para rir da cara deles ao confessarem que mal sabem fazer um ovo frito

Quero dançar o último sucesso da favela ao lado de McCartney

Vou dar aulas

E sempre que me sentir sozinha tomarei um porre de Chivas ou de 51 mesmo.

Ou irei a um lugar super trash dançar Strokes

Tudo isso com elegância e charme que só são vistos as sextas à noite na Portugal

Vou gritar feito louco

Porque talvez esta seja a minha origem e o meu destino

Vou construir uma casa e tocar zabumba

Ter um filho negro e morar na Venezuela

Fazer várias coisas intempestivas e sem sentido

Assim como esse louco,estranho e descompassado ferro velho

Que acaba de completar um ano.

Parabéns pra mim, pra você, pra ele e pro Procura-se

Que conseguiu sobreviver nesse “rooodamundo”

1 ano!

"Muito prazer, ao seu dispor

Se for por amor as causas perdidas."

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O dia que Papai Noel passou a não existir.

Quando pequenos, sempre temos nossos pais como heróis. Eles são aqueles tipos de pessoas em que nos espelhamos e que queremos ser iguais. Mas o tempo passa e vamos incluindo novos “mestres” em nossas listas. Vamos conhecendo pessoas tão fantásticas que queremos ter um pouquinho daquilo que elas têm de tão especial!

Porém, essa mágica não tira e muito menos muda algo que existe dentro de qualquer pessoa, a sua natureza. Todas as suas características de homo sapiens continuam ali nos mesmos lugares, imutáveis. São essas características que ao serem descobertas tiram a magia dos nossos super-heróis e provam que o James Bond não é bom de coração. Então você fica totalmente desapontada ao perceber que ele é só mais uma propaganda dos EUA contra a antiga URSS e o comunismo.

Esse processo é muito parecido com aquele que vivemos na infância quando descobrimos que papai Noel não existe. Decepção, choro e revolta são amenizados pela idéia de que com ou sem papai Noel, você sempre encontrará presentes em baixo da árvore de natal. Qualquer um viveu isso. O governo Lula, a separação de Sandy e Junior ou o fim dos Beatles são exemplos decepções que sofremos e que por mais que tenham nos conduzido a sensações diferentes, ainda continuamos aqui vivos e inteiros. É assim que eu aprendi a lidar com as decepções.
A metodologia é simples e muito eficaz.

Para quem me conhece sabe que quando acredito ou defendo algo sou exagerada ao ponto de defender isso até a morte se necessário, se acredito em uma coisa, defendo-a na frente de quem for e não tenho medo de argumentos e de cara feias. E eu espero essa postura das outras pessoas. Principalmente daqueles que tenho como exemplo.

E o papai Noel passou a não existir quando vi que um ferrenho atirador de críticas aos EUA se fez de João sem braço quando começou a viver com uma americana ( ou será estadunidense?). O mesmo passou a defender a transposição do São Francisco e algumas outras coisas tão absurdas quanto isso.
“Se você acredita em alguma coisa, sempre a defenda. Por mais que isso lhe custe à vida.”

O coelhinho da páscoa passou a ser igual aos outros quando fui convidada para compor a juventude de um partido pseudo-esquerdista enquanto faço parte da diretoria de um grêmio estudantil. Mesmo sabendo que devo evitar envolvimento partidário, o convite foi feito. E por cima recebo um livro que conta as mudanças da pós-modernidade. Tudo com o belo objetivo de explicar o inexplicável.

(Também parei de acreditar em fada do dente quando vi alguém que tinha o símbolo do compromisso com as causas sociais ser a favor do aborto.)

Nesta e em tantas outras situações de total surpresa e decepção eu coloco meu método em prática.
Estou aos poucos perdendo os velhos heróis.

Mas ainda estou viva, inteira e mais esperta do que nunca.

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