terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Pra dizer adeus.

Tentando dar uma de Clarice Lispector.

Um dia chego lá!

Aquela brisa suave batia e acariciava seu rosto, já era hora de fazer as malas.
Ela não queria fazer as malas, ele também não. Só queriam ficar ali, parados, calados, ouvindo apenas os gritos do silêncio.
Não era a primeira vez que aquela cena acontecia. Era sempre assim, e toda vez que a idéia do "até logo" se aproximava as feições mudavam. Ficavam pesadas, e toda serenidade que ele tinha se perdido no silêncio que se criava dentro dela.
Nessas horas a necessidade de ouvir a voz do outro se perdia diante do adeus. Adeus tão breve, adeus tão longo como a permanecer numa solitária.
Então, quando a hora marcada chegava, a brisa que era suave se torna estúpida e insensível, e arranca sem questionar aquilo que seu corpo e seu coração tenta manter ali, inerte.
Leva com ela todo aquele brilho e sensação de bem estar e só deixa a saudade.
Saudade que uns convertem em choro e outros em sambas.
Ela aprendeu a converter a saudade em desejo de estar junto e de se querer bem. Desejo de viver muitos momentos de brisa suave, olhos brilhando e cumplicidade. Momentos em que o silêncio não machuca, mas, faz com que palavras tornem-se inúteis.
Momentos em que se vive a vida como se não houvesse amanhã.

“Porque se você parar pra pensar, na verdade não há!”

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