quinta-feira, 26 de julho de 2007

“O show tem que continuar”

Quando ela estava prestes a desistir daquilo tudo o roteiro muda.
Sábado era o seu prazo e ela tinha dito pra si que dali não passava. Ficou a manhã toda sentada na frente do telefone esperando o a conclusão daquilo tudo.
Mas nada aconteceu.
O "Happy end" não subiu junto com os créditos.
Será que aquilo tinha motivo?Claro que sim!
A história não acabaria por ali e na verdade, estava apenas começando.
Passou o dia todo ali esperando, resistiu até o cansaço bater, até não agüentar mais rezar para ouvir aquela campainha de telefone.
E foi como mágica.
Acabara de pegar no sono quando o telefone tocou e,como se estivesse em alfa, correu na esperança de ouvir aquela voz.

Não era o que ela esperava.
Era um amigo dele que queria avisar que infelizmente ele estava no hospital. Havia sofrido um acidente e chegara lá inconsciente.
Ela emudeceu, não sabia o que falar e nada passava por sua cabeça naquele momento.
Então, colocou os pés no chão.
Perguntou como aquilo havia acontecido e quis saber por que fora a primeira a saber.Era claro que ela queria saber da outra tal mulher!Nunca conhecera pessoalmente, porém, só de olhar sua foto percebera que ela não valia a pena tanta preocupação e insegurança.
Então ouviu algo que ela nunca esperava.
"Eu te falei primeiro porque ele escolheu você,não ela."
Essa frase rendeu um sorriso amarelo e uma calmaria incrível.

Depois do susto, respirou fundo e colocou os fatos em ordem.Já não poderia entrar no hospital então decidira sentar e esperar até o dia seguinte.
Ah,esperar...
Passou a noite em claro,rolando na cama preocupada com aquilo tudo e logo que amanheceu resolveu tomar um banho e uma caneca de café bem quente para espantar o sono.
E foi na casa dele ao menos saber de notícias.
Mas quando chegou lá ele estava falando pelos cotovelos e andando pra lá e para cá.Então ele abriu aquele sorriso e ela percebeu que tudo estava bem.
E passaram 3 horas juntos.
Deram muitas risadas e aquelas palavras ásperas desapareceram. As vezes pareciam duas crianças, uma implicando com a outra.
Talvez fossem mesmo duas crianças esperando um toque de mágica.Esperando aquela velha chance que teimava em brincar de pique - esconde.

Só que a hora do recreio acabou e a parte de gente grande vai começar.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Quer que embrulhe dona?

No natal a gente ganha caixas enfeitadas com papéis de presentes bonitos e fitas vermelhas.Aqueles são os nossos presentes, que vamos carregar estufando o peito e falando que é nosso.

Mas ao longo do ano eu recebia uns presentinhos.Eu os achei feios afinal não eram enfeitados!Só tinham uma fitinha e nada mais.
Mas, me contaram que esses presentinhos mereciam um cuidado todo especial.Não eram daqueles que quebramos sem querer e colamos com super bonder.
Eles eram tão diferentes!

Nunca vi igual ao outro!São tão bonitos, cada um do seu jeito.São tão carinhosos, mas, quando eu fazia alguma coisa errada eles logo corriam pra brigar comigo e me dar um puxão de orelhas.
Me apoiavam nos momentos difíceis e sempre estavam ali comigo.

E durante a nossa vida eu fui ganhando mais presentes desses e juntando-os aos que já tinha.
Alguns não resistiram ao tempo e outros ficam longe de mim.Já outros ficaram pra sempre.
Mesmo quando casamos, ficamos velhinhas ou mudamos de cidade eles vão estar lá.

Quando eu recebi, achei que eram de pouca importância porque não tem um embrulho bonito como os presentes de natal. Mas ao longo dos anos percebi que a beleza destes presentes não está no embrulho, mas só no fato de ser um presente que eu tive a sorte de ganhar. Como se fosse a minha missão cuidar deles com todo o carinho que conheço.

Um dia alguém me disse que esses presentes tinham nome, só para mostrar que eles eram especiais.
Eles se chamam amigos.

Essa foi a forma que eu achei de falar dos meus amigos e agradecer por ter esses presentes na minha vida.
Feliz dia do amigo.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

"Ela quer teu amor,crioulo"

Tudo começou com uma troca de olhares.
Ela falava durantes horas e ele a fitava com um olhar fora do comum como se tudo que saia da boca dela fosse uma verdade incontestável.

Ela nunca havia ouvido o tom da sua voz e sentia algo diferente só pela intensidade do seu olhar. Ela já estava acostumada a estar ali na frente, sozinha e não se sentia constrangida pelos olhares, mas ele desviava a atenção ao receber os olhares dela como se sentisse medo.

Mas aquela era uma distração que ela não poderia ter afinal, estava ali para cumprir o seu trabalho e este teria que ser muito bem feito.

Mas era inevitável não se perder naquele olhar curioso e naquele sorriso meio inocente. E a partir daí surgiu uma amizade em que ambos mal esperavam.

Mas será que aqueles olhares pretendiam ser apenas olhares amistosos?

Com tempo ele percebeu que não havia motivo para o medo e fora daquela sala não havia mesas nem preconceito entre eles. Era apenas uma questão de tempo e ele acabou abrindo o jogo... Falou das trocas de olhares e de como o sorriso dela era tão envolvente.

As cartas foram postas a mesa, mas o jogo mal havia começado.
Ele tinha medo da próxima jogada, mas ela, com toda a sua experiência em jogos de azar, explicou que tudo é questão de tempo.
"O tempo é o senhor da razão"...

E aí as coisas começaram acontecer como deveriam...Ele criou afeto e a chamava de "minha" mas ainda sentia muito medo.Tanto medo que sempre a questionava sobre tudo aquilo e se aquelas atitudes eram realmente as certas.

Mas na hora em que as coisas deveriam acontecer,simplesmente não aconteceram.
O carro quebrou,o tempo fechou e tudo atrasou.
10 minutos mudaram as chances de um grande amor nascer.

Então ela aguarda por aquele sorriso meio tímido meio pretensioso enquanto ele segue tocando a vida.
Ela espera receber outra chance de finalmente ser feliz.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

"O céu,o sol e o mar"

Sinto o cheiro da maresia.
O gosto de fim de festa e a necessidade de continuar apenas me divertindo sem saber que dia será o amanhã.
Sinto aquele sabor meio amargo da água de coco fresquinha, aquele sol queimando e a sensação de que você ainda tem 24 horas pela frente para fazer o que quiser e puder. Então me lembro daquelas músicas.

Nada de músicas românticas!Estão em minha memória batidas pesadas como de um trance que só faz sentido quando você está em uma festa. Sim,as festas!Aquelas que você mal esperava entrar, mas acaba entrando porque deixou os óculos em casa e veio munida de um vestido preto e salto alto.

Saudades da minha despretensão
De olhar para quem eu quiser e de ir para onde eu quiser.
Minha palavra era a lei em um estado no qual eu reinava soberana.
Eu sabia que um dia aquilo terminava, mas pouco importava porque eu estava ali para respirar fundo e gritar um F@#$-%& para quem me perturbasse.

Minha cabeça girava a todo vapor.
A cada passo que eu dava percebia alguma coisa diferente e logo pensava em postar, mas, minhas impressões ficaram na simplicidade de um caderninho de pauta dupla de R$1,99.

A trila sonora.
Fantástica!Como eu ouvia legião.
Todas aquelas músicas pareciam feitas sob encomenda para viagens. Sentir o vento bater no rosto e pensar só no seu destino ou simplesmente, não pensar em nada.

Mas um dia o carnaval teve o seu fim e o pierrô e a sua turma entraram em um avião para voltar a casa e trabalhar o ano inteiro.
E eu voltei à mesma cidade com as mesmas pessoas e a mesma rotina.
A única que não se mantivera era eu.

É bom pensar que ano que vem tem mais.

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.