Retrato

Acho que não há maneiras de explicar o que aconteceu nessa semana santa.

É possível sair de casa reclamando de sono e de qualquer motivo fútil e voltar querendo morar na aldeia.

Na teoria, eu sabia tudo que deveria acontecer.Mas prática era uma coisa que faltava a mim e a todos que estavam ali junto comigo.Aquela seria a nossa primeira missão e em certos momentos, o desespero tomava conta acompanhado com todos aqueles pensamentos pessimistas típicos de inexperiência e de insegurança.

Mas a partir dos momentos que estávamos nos enviando em missão, enchi meu coração de vontade de servir e o esvaziei de mim.Afinal, o meu objetivo pessoal era aprender muito.Ensinar também mas, aprender mais ainda.

E foi exatamente isso que aconteceu.

Depois de conhecer um pouquinho de cada criança, das 60 que vivem lá,percebi quanta esperança há em um sorriso.E além de esperança, o que há de gritante nos rostos daquelas crianças é a necessidade de ser amado.

Então, no final do primeiro dia o cansaço rodeava a todos nós.Aquelas crianças sugavam todas as nossas energias.Mas pouco me importava o cansaço, a vontade de assistir um pouco de tv ou até mesmo ficar com todos os nosso momentos de “luxo”.

Aquelas crianças me bastavam.

Conseguimos conquistar as crianças de primeira, mas nosso maior objetivo foram os adolescentes e jovens.No início estavam pouco receptivos porém mais tarde conseguimos arrancar vários sorrisos.

A única parte que não foi tão boa foi o adeus (Que pra mim funcionou como um até logo). Eles fizeram parte das nossas vidas, assim como tenho certeza que fizemos parte não da vida de todos, mas de uma maioria.Que demonstra que nosso objetivo foi plenamente alcançado.

E o que fica é o retrato daquelas crianças na nossa memória.De todos aqueles sorrisos meio tímidos dos jovens, até as gargalhadas gostosas das crianças.

E o mais importante, o que fica é a responsabilidade e a certeza de que o trabalho não parou por aí.

Depoimento feito com muito sono em véspera de prova pra o jornalzinho da pastoral.